sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A Louca

Sua face sem maquiagem espantou-me profundamente, (como todos os outros índices de loucura que presenciei nela nos últimos meses) não por feiura, Gesebel sempre foi possuída de beleza inigualável, mas porque ela era o tipo de mulher que não abria a janela de casa pra dar bom dia ao sol sem pelo menos um rímel. Vestia uma camisola da clínica, verde e branca, feia, num estado normal nuca permitiria que colocassem aquilo nela, o bom gosto era uma de suas virtudes, tinha umas figuras de circo nas mãos as quais não parava de olhar, balançava o pé direito repetidamente e nem se quer percebeu minha chegada. Aproximei-me da cama e disse: 

- Gesebel, não me reconhece? 

- Não lembra nem da mãe! respondeu a enfermeira. E continuou – Só se lembra de um certo palhaço daquele circo vagabundo que esteve aqui na cidade, foi a ultima pessoa que viu antes de perder o juízo. Vem visitá-la os finais de semana, largou o circo e faz bico de animador de festa infantil, as vezes vem fantasiado de Batman ou de Homem Aranha...traz umas flores baratas e faz umas graças como alguns palhaços inúteis. 

Saí da clinica arrasada por vê-la naquele estado, tive medo do futuro, do que poderia ainda acontecer a Gesebel que sempre foi um tanto “desajuizada”, porém nunca sofrera de insanidade tão preocupante. Pensava que a mente da gente era coisa fraca, mas cheguei a conclusão que o coração é mais ainda e que o mesmo amor que cura, por vezes, adoece!



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