segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Perdas necessárias



"Deixa partir
O que não te pertence mais
Deixa seguir o que não poderá voltar
Deixa morrer o que a vida já despediu
Abra a porta do quarto e a janela
Que o possível da vida te espera
Vem depressa que a vida precisa continuar
O que foi já não serve é passado
E o futuro ainda está do outro lado
E o presente é o presente que o tempo quer te entregar"
(Pe. Fábio de Melo)

A difícil tarefa de suportar as esperas na dor das ausências...
(Manuella Moura)


quinta-feira, 27 de setembro de 2012



"O caminho do amor não é um argumento sutil,
a porta pra ele é a devastação." (Rumi)


Minha alma é mesmo crepuscular!!
(Manuella Moura)


Minha brutal ignorância permitia achar que orgulho e amor próprio eram sinônimos. Precisei perder algumas coisas pra descobri suas diferenças. Uma verdadeira lástima! Não a descoberta, mas as perdas.
(Manuella Moura)


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Ando melancólica ultimamente, esperando surpresas, sinais. O bucolismo do entardecer parece-me familiar, não encontro o que procuro e sinto uma vontade, quase incontrolável, de me pôr com ele, minha outra metade: o sol.
(Manuella Moura)



"Eu já nem sei se eu tô misturando
Eu perco o sono
Lembrando em cada riso teu
Qualquer bandeira
Fechando e abrindo a geladeira
A noite inteira..."

(Cazuza)

Saudade do tempo em que vivia indiferente as artimanhas do amor.
(Manuella Moura)


O amor não sobrevive de palavras...





"Um dia te falei sobre a possibilidade, até então remota, do nosso amor acabar, você me jurou de pé junto que isso nunca aconteceria, até riu da minha preocupação desnecessária e sem fundamentos, olhou fundo nos meus olhos e conseguiu penetrar minh'alma fazendo-me entender que o nosso amor sobreviveria sempre, independente de estarmos juntos ou não. Estamos separados, o amor ainda vive, mas só em uma das partes, então entendi o que você queria dizer!" (Manuella Moura)


"Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras, momentos"
(Palavras ao vento - Cássia Eller)

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Sobra tanta falta



"Falta tanta coisa na minha janela como uma praia
 Falta tanta coisa na memória como o rosto dela
 Falta tanto tempo no relógio quanto uma semana
 Sobra tanta falta de paciência que me desespero
 Sobram tantas meias verdades que guardo pra mim mesmo
 Sobram tantos medos que nem me protejo mais
 Sobra tanto espaço dentro do abraço
 Falta tanta coisa pra dizer que nunca consigo
                      ...
 Vai saber quem souber me salve"
 (O Teatro Mágico)


Esta folha seca continua voando, fazendo barulho quando arremessada contra parede. Talvez ela encontre repouso após o inverno, talvez ela se reparta em mil antes de, enfim, chegar ao chão. (Manuella Moura)
"O argumento ficou sem assunto." (Roberta Sá)




Na tentativa de querer ser melhor 
acabei não sendo eu.
(Manuella Moura)

Te odeio



Te odeio por ter sido sempre sincero, por tua intensidade avassaladora, pela química brutal e beijo provocante. Te odeio por ter enchido meu mundo de cor e sabor, por ter transbordado minha vida de amor, de paixão e de dor. Te odeio por ter demonstrado seus sentimentos de maneira tão clara, explicita e incessante, sem vergonha ou reservas. Te odeio por ter aparecido em meu caminho na tarde daquele sábado e nunca mais tenha saído dele. Te odeio por seu ciúmes, suas brigas e por odiar aquele meu tubinho preto. Te odeio por todas as lições que me ensinou e por abrir meus olhos pra tantas coisas. Te odeio pelo incentivo e por sempre acreditar em minhas capacidades. Te odeio por não ter desistido de mim, te odeio por ter sufocado meus dias com inúmeras ligações e mensagens, pelos infinitos (e agora finitos) "eu te amo", "você é a mulher da minha vida", não vivo sem você". Te odeio por ser tão interessante, inteligente, por seu caráter e simpatia singular. Te odeio por ter ocupado meu tempo com suas neuroses (as quais amava resolver, ou tentar resolver), por ter enchido minha cabeça com tuas besteiras, e por ter me acordado no meio da noite pra contar um pesadelo. Te odeio por ter sido meu porto-seguro, por ter me carregado no colo quando já não conseguia mais caminhar e por nunca ter dito não aos meus caprichos. Te odeio por ter sido tão dependente de mim, das minhas opiniões, dos meus gostos, da minha voz e dos meus sentimentos. Te odeio porque seu sorriso não sai das minhas memórias. Te odeio porque nunca consigo ter raiva de você mais de uma semana. Te odeio porque já não consigo mais ouvir certas músicas, nem comer certas coisas ou ir em certos lugares sem pensar em você, em como você ficaria feliz ali. Te odeio por ter me feito acreditar no amor, por seus elogios, por me fazer sentir amada, desejada, exaltada, melhor e maior que qualquer uma outra. Te odeio por ter me abandonado, por ter me ferido e magoado. Te odeio por nunca ter me dado a receita certa pra te esquecer. Te odeio porque já não pensa em mim, te odeio porque beija outra boca, te odeio porque o seu "pra sempre" acabou acabando comigo. Te odeio por sua indiferença, o seu tanto faz, por já não ouvir ou sentir os teus sinais. Te odeio e odeio te odiar porque o ódio é a forma mais estranha que se tem de amar.
(Manuella Moura)


"Só me arrependo de não ter te tirado mais sorrisos." 
(Antigo Rockeiro-tumblr)
 
 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Pode ser...

"É, pode ser que a maré não vire
Pode ser do vento vir contra o cais
E se já não sinto teus sinais
Pode ser da vida acostumar
Será, Morena?
Sobre estar só, eu sei
nos mares por onde andei
devagar 
dedicou-se mais o acaso a se esconder
E agora o amanhã, cadê?"
(Dois Barcos - Los Hermanos)


O engraçado é que apesar da nossa natureza efêmera não estamos acostumados a passar, a histórias ou momentos curtos, queremos extensões, perpetuações. Refleti sobre isso a pouco, quando comprei um livro e só depois descobri que era todo feito de crônicas (pequenas narrações e pensamentos do autor) o que me irritou bastante. Deve ser por isso que sofremos tanto com as perdas, desejamos eternizar nas pessoas e no mundo mas não eternizamos, queremos sempre ser mais que algumas linhas, queremos ser o livro inteiro.
Uma boa lição nesta véspera de primavera: sejamos como as flores, passageiras e felizes!
(Manuella Moura)



A Louca

Sua face sem maquiagem espantou-me profundamente, (como todos os outros índices de loucura que presenciei nela nos últimos meses) não por feiura, Gesebel sempre foi possuída de beleza inigualável, mas porque ela era o tipo de mulher que não abria a janela de casa pra dar bom dia ao sol sem pelo menos um rímel. Vestia uma camisola da clínica, verde e branca, feia, num estado normal nuca permitiria que colocassem aquilo nela, o bom gosto era uma de suas virtudes, tinha umas figuras de circo nas mãos as quais não parava de olhar, balançava o pé direito repetidamente e nem se quer percebeu minha chegada. Aproximei-me da cama e disse: 

- Gesebel, não me reconhece? 

- Não lembra nem da mãe! respondeu a enfermeira. E continuou – Só se lembra de um certo palhaço daquele circo vagabundo que esteve aqui na cidade, foi a ultima pessoa que viu antes de perder o juízo. Vem visitá-la os finais de semana, largou o circo e faz bico de animador de festa infantil, as vezes vem fantasiado de Batman ou de Homem Aranha...traz umas flores baratas e faz umas graças como alguns palhaços inúteis. 

Saí da clinica arrasada por vê-la naquele estado, tive medo do futuro, do que poderia ainda acontecer a Gesebel que sempre foi um tanto “desajuizada”, porém nunca sofrera de insanidade tão preocupante. Pensava que a mente da gente era coisa fraca, mas cheguei a conclusão que o coração é mais ainda e que o mesmo amor que cura, por vezes, adoece!



quinta-feira, 12 de julho de 2012



"Nunca nos detemos no momento presente. Antecipamos o futuro que nos tarda, como para lhe apressar o curso; ou evocamos o passado que nos foge, como para o deter: tão imprudentes, que andamos errando nos tempos que não são nossos, e não pensamos no único que nos pertence; e tão vãos, que pensamos naqueles que não são nada, e deixamos escapar sem reflexão o único que subsiste. É que o presente, em geral, fere-nos. Escondemo-lo à nossa vista porque nos aflige; e se nos é agradável, lamentamos vê-lo fugir. Tentamos segurá-lo pelo futuro, e pensamos em dispor as coisas que não estão na nossa mão, para um tempo a que não temos garantia alguma de chegar.
Examine cada um os seus pensamentos, e há-de encontrá-los todos ocupados no passado ou no futuro. Quase não pensamos no presente; e, se pensamos, é apenas para à luz dele dispormos o futuro. Nunca o presente é o nosso fim: o passado e o presente são meios, o fim é o futuro. Assim, nunca vivemos, mas esperamos viver; e, preparando-nos sempre para ser felizes, é inevitável que nunca o sejamos."

Blaise Pascal, in "Pensamentos"

terça-feira, 15 de maio de 2012

Barquinho



Fiquei, você disse para eu ficar! Estagnei, atraquei não muito longe da nossa ilha (se é que posso chamar algo de nosso ainda), olhei diversas vezes pra trás na esperança de te ver fazendo algum gesto, pedindo que eu voltasse. Enfrentei tempestades, pensei que fosse naufragar, tive medo, estava só, lembrei de quando você sorrindo dizia que nunca largaria minha mão, as ondas eram altas e geladas, nem parecia verão. Experimentei o gosto amargo e intragável da solidão, foi inevitável não lembrar das tantas vezes que sentados na praia, com as ondas batendo de leve nos nossos pés, água quente, areia fofa, coqueiros balançando como que embalados por uma canção gostosa e um sutil cheiro de amor no ar, você tocava meu rosto ao tempo em que fazia promessas de amor eterno e eu sinceramente não sabia o que era o eterno até conhecer você. Depois de alguns dias as tempestades vieram a cessar, agora uma chuva fininha parece me acompanhar, já não me assusto tanto pois estou em terra firme outra vez, apesar de não esquecer as delícias que deixei ao sair daquela ilha, nem muito menos os dolorosos dias que passei em alto-mar abandonada, vejo ao longe um barquinho, parece-me cada dia mais perto e vem em direção a este porto, ele é azul e branco, talvez traga boas novas.



"Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, que é preciso, pá
Navegar, navegar
Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim"
(Chico Buarque)