terça-feira, 17 de abril de 2012

Depois

Marisa Monte

Depois de sonhar tantos anos,
De fazer tantos planos
De um futuro pra nós
Depois de tantos desenganos,
Nós nos abandonamos como tantos casais
Quero que você seja feliz
Hei de ser feliz também

Depois de varar madrugada
Esperando por nada
De arrastar-me no chão
Em vão
Tu viraste-me as costas
Não me deu as respostas
Que eu preciso escutar
Quero que você seja melhor
Hei de ser melhor também

Nós dois
Já tivemos momentos
Mas passou nosso tempo
Não podemos negar
Foi bom
Nós fizemos histórias
Pra ficar na memória
E nos acompanhar
Quero que você viva sem mim
Eu vou conseguir também

Depois de aceitarmos os fatos
Vou trocar seus retratos pelos de um outro alguém
Meu bem
Vamos ter liberdade
Para amar à vontade
Sem trair mais ninguém
Quero que você seja feliz
Hei de ser feliz também
Depois

segunda-feira, 16 de abril de 2012

"To juntando meus pedaços, mais o que eu puder levar
To rompendo alguns laços
Não me espere no jantar."
(Pitty)


sexta-feira, 13 de abril de 2012

"Naquela ocasião, porém, deu-me uma vontade de beber, de me embriagar, estava cansado de sentir, queria um narcótico que fizesse descansar os nervos tendidos pelos constantes abalos daqueles últimos dias."

(Recordações do escrivão Isaías Caminha-Lima Barreto)

Migalhas

Não podendo me dar tudo, por favor, não me dê nada. Minha natureza não suporta migalhas.
(Manuella Moura)


quinta-feira, 12 de abril de 2012

O que eu também não entendo


"Agora o que vamos fazer
Eu também não sei
Afinal, será que amar
É mesmo tudo?
Se isso não é amor
O que mais pode ser?
Tô aprendendo também ..."  ♪ ♪
(Jota Quest)


quarta-feira, 11 de abril de 2012

Desapego



Não sou a pessoa mais estável que você conheceu, nunca prometi chão firme e teto seguro o tempo todo, costumo não me demorar muito nas coisas, meu olhar não fica por muito tempo preso a uma flor, gosto mesmo da variedade, das inúmeras cores e dos seus infinitos significados, defeito? Não sei, não cheguei bem a uma análise do caso, demoraria tempo demais em um mesmo assunto, talvez seja melhor caminhar, desapegar mesmo, desprender-se do que não vale e até mesmo do que vale a pena. Chega uma hora que até o doce precisa ser largado, aliás, os doces enjoam não é verdade?!

"Re"começar ...

As possibilidades me encantam, principalmente as que envolvem mudanças, quão saboroso tem o novo, o papel em branco, as esperaras, os improváveis, os incertos “certos” que o mundo coloca nas janelas, os recomeços e belezas que as expectativas trazem, as fases perfeitas e cronológicas que a lua obedece: começar e findar quando não é possível continuar, quando já não pode refletir em alguma parte do seu “corpo” a luz solar. “Re”começar é mesmo uma dádiva, os afixos tem esse poder de mudança, nem sempre positiva, mas fundamental, necessária para o pleno tecer que a vida exige. Nós e nosso livre arbítrio, nossa capacidade de substituir, de transformar, de descobrir novos encantamentos e encantar novos lugares, novas pessoas, arte de fato perfeita, inconstante, mas perfeita! 

“As pessoas têm medo das mudanças. Eu tenho medo que as coisas nunca mudem.” 

(Chico Buarque)



Amar !



Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui…além…
Mais este e aquele, o outro e toda a gente….
Amar!Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!…
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar.

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder… pra me encontrar…

(Florbela Espanca)

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Carta

Lembre-se de mim de vez em quando Zé, de nós, do nosso tempo dengoso em que qualquer olhar virava poesia. Nada demais, só um pouco daquelas lembranças gostosas que amamos ter quando chega o fim de tarde, aquelas que não nos fazem chorar ou se arrepender, nem muito menos o coração descompassar, no máximo prendemos um pouco ar e soltamos devagar. Saudade mesmo, manhosa e tranquila, dor mansinha a nos invadir, que faz parar o olhar e brotar um delicado sorriso dos lábios, como um saudosismo, só isso! Sinto muito sua falta querido Zé, mas até tô me virando bem com a saudade ...



"Eu, você, nós dois 
Já temos um passado, meu amor
Um violão guardado
Aquela flor
E outras mumunhas mais."

(Saudosismo - Caetano Veloso)



O outro dia

"Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou."
(Chico Buarque)

Não estava disposta a acordar naquele dia, na verdade eu queria dormir por muitos e muitos dias, queria ficar no quarto sem ouvir ninguém, sem sentir seus olhares de piedade e aqueles conselhos enfadonhos e caridosos: "isso passa", "não sofra desse jeito", "daqui a pouco você conhece um outro alguém". Nao teve jeito, tive que levantar. Sentei-me na cama, meu corpo estava moído (não tanto quanto meu coração), calcei os chinelos que ele as vezes por brincadeira pegava emprestado, riamos mutio, aliás nós riamos de tudo, nossa companhia nos bastava e completava, olhei aqueles chinelos, tive vontade de arremessa-los pela janela, não fiz. Levantei a cabeça e avistei o quarto vazio, sem vida, sem cor, sem o cheiro dele, gelei. Abri a porta e percebi alguém na cozinha, encostei no balcão, preferi não sentar, queria que todos vissem que eu estava forte, coloquei o café, segurei a xícara alguns instantes no ar, tomei um gole, nunca tinha experimentado algo tão amargo, pensando bem, não era de se estranhar, os ultimos acontecimentos foram todos amargos, mais até que aquele café. Não comi nada, o estômago estava embrulhado, sentei na varanda, o vizinho ouvia Saudade de Maria Bethânia, deitei e senti uma dor desesperada na alma, o coração caqueou.



quarta-feira, 4 de abril de 2012

Zé, ao longo deste blog postei alguns textos/poesias que você fez pra mim, pena não saber onde estão todos agora, queria que soubesse que é a eles que me agarro quando respiro essa amarga liberdade que você me deixou. Acho mesmo que fiz isso (publicá-los) porque queria que no fundo algo ficasse gravado, que eles, ou melhor, que nós não nos perdêssemos na estrada, queria ter aquelas suas palavras amáveis e encantadoras já não mais ao alcance dos ouvidos, mas dos olhos e do coração. Fiz também diversos textos pra você, a maioria postei aqui, talvez você tenha visto ou não, o fato é que hoje achei um lindo e singelo que produzi, mas nunca te enviei, eu acho, você sabe como minha memória é falha as vezes, ontem ao ler senti meu corpo estremecer, o coração disparar, é estranho eu sei, mas senti tudo que estava escrito nele com a mesma emoção da época em que o escrevi, foi incrível, impactante e doloroso também!

“Sinto como que se já fizesse parte de sua vida há tempos, é como se eu conhecesse seu corpo, suas vontades de um jeito diferente, como se ninguém te conhecesse como eu te conheço, um jeito antigo e profundo. E vou te querendo e te conhecendo mais e mais, cada segundo um pouco mais, você não me enjoa, é simplesmente o meu sabor preferido, aquele gosto que me vem a boca quando penso em algo bom.
Hoje mesmo senti seu gosto, fiquei parada de olhos fechados para que nada me atrapalhasse , que perfeição, me entreguei as suas delícias!”

(Manuella Moura)

A vida




"Mas como a vida é,

Afasta o que amamos sem motivo,

Diz aos profanos explicações comuns,

Mas a mim, sorriso fruto de você,

Reserva a solidão destes momentos,

Para que eu possa refletir e aprender

Que uma vida feliz não há sem tristeza anteceder."

(Junior de Oliveira)

Que belo par comigo



"Entrou como uma diva desfilando sua beleza. 
Ponto! Ponto pra ela. Encantadora como rosas 
de um bonito buquê. Bom, meus olhos me 
chamam pra ver, eles já são controlados 
pela estonteante maneira. 
Nós temos de estar juntos, esse é teu palácio, 
e eu, insisto: “deixa ser teu servo”. 
Meu coração, pulsa, pula, diz, deseja, enseja, 
corteja, bate, peleja: você. 
Mulher de meus jeitos, tornaria todos eles um 
para evitar meus defeitos e te contentar. 
Esse é o tal amor, sincronizado contigo, 
ímpar contigo, e como diria um velho convencido: 
” que belo par comigo”. "

(Junior de Oliveira)

Ela: Manuella

Dá-me este prazer. De contar. Uma pequena história. De soluções. De encontros. Sei que você sabe. Sei que você participa. Mas, permita-me:
Você manda em meus sonhos. Manda em mim, em meu coração, em tudo, antes meu, hoje teu. Amor, eu não sei o que seria não ouvir tua voz, não tocar tua pele, não sei o que seria de mim sem as certezas que me proporciona.
É como um olhar mágico sobre as inutilidades, como um sopro purificando o ar, como um sol que está sempre a brilhar. Bem, o tempo está passando, nós estamos crescendo, nosso futuro se ampliando. Teu espírito diz para mim sobre nossos diversos encontros.
Bem, nasci por você ontem, vivo por você hoje, morrerei por você seja quando for. Sempre há um bom recomeço, um começo natural, anormal. Com você foi assim. Nos encontramos, nos reconhecemos, eu já era seu, desde sempre, sem falhar. Olhei em teus olhos, eles me convidaram por uma timidez reciproca ao meu coração, teu coração par. Nós, um só. Só por amor. Amor em sincronismo. Sincronismo de almas. Almas do sempre. Sempre por você. Você sem definição. Meu coração, rima simples - composta - forte - Ela: Manuella.

(Júnior de Oliveira)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A dor que eu não sei chorar



Quando chega o fim da tarde doi mais, os fins são todos iguais, tanto os da tarde quanto os de qualquer outra coisa. A luz, a cor, o tom se vai, o sol se esforça, reluta, não quer ir, mas precisa completar o ciclo a que foi predestinado. A medida que as horas vão passando a dor aumenta gradativamente, a lua chega esplendorosa, nós dando o grande exemplo da solidão conformada, apesar de rodeada de infinitas estrelas permanece só, intacta, sem chorar as amarguras que uma noite pode trazer. Caminho triste alguns minutos até chegar ao portão de casa, tenho a sensação de demorar horas até chegar ao quarto. Deito na cama. Abafo o grito com o travesseiro, derramo uma ou duas lágrimas, não consigo chorar toda a dor que sinto. O choro preso sufoca-me. Adormeço.


"Não passou
De um triste desencanto, amor,
E desde então eu canto a dor
Que eu não soube chorar"
(Chico Buarque)