terça-feira, 27 de março de 2012

Sua lembrança fez-me companhia hoje pela manhã, em meio a um amontoado de afazeres lembrei-me de suas doçuras, do seu sorriso moleque, do gozo que tivemos durante esses meses. Esteve sempre em minha vida de forma leve, fresca, da hora, como um chuva eu diria, sem muito estardalhaço, trovões ou devastação e também sem ser ameno, sem vida como as chuvas finas e frias do inverno, aquelas que nos chateiam por vezes. Você não, você tinha cor, tinha medida, semelhante as chuvas do verão que nos dão vontade de correr pra rua e se molhar, se jogar no balanço dos pingos, fechar os olhos e inclinar a cabeça  em direção ao céu recebendo as bençãos que Deus nos dá através do amor, as chuvas de verão sempre lembrarão você agora! Ainda estou encharcada, algumas gotas de chuva escorrem pelo rosto, não queria que secassem.


sexta-feira, 23 de março de 2012

Esse silencio é o que nos mata, não sabemos o que dizer? Não, muito pelo contrário, sabemos tudo que queremos e devemos dizer e é por isso que nos silenciamos, silenciar é não querer machucar, é querer se enganar, é lutar contra a verdade que já está no coração, que já impregnou os olhos e que já faz parte do cotidiano. Essa noite será difícil, esperar segundo por segundo até você chegar, chegar com esse corpo que não é mais meu, com esse gestos que um dia fizeram tudo pra chamar minha atenção, com essas mãos que que me acariciaram durante o tempo em que esteve aqui de corpo, alma e coração. Nosso fim é inevitável, eu acho, mas nossas lembranças estarão longe de findar, pensar em você continuará fazendo parte das coisas mais gostosas que farei durante algum tempo ainda e o seu gosto demorará para ser pretérito mesmo tendo longos meses sem te ver.


"Não é fácil
Não pensar em você."
(Marisa Monte)

quarta-feira, 21 de março de 2012

Outono



Que o Outono leve junto com as folhas secas que caíram das árvores tudo aquilo que já secou em minha vida e que eu aprenda que isso faz parte do sistema natural do universo ! 

(Manuella Moura)



terça-feira, 20 de março de 2012




"Por trás da palma da mão contra o peito, por trás do pano da camisa entre massas de carne entremeadas de músculos, nervos, gorduras, veias, ossos, o coração batia disparado. Você vai me abandonar – repetiu sem som, a boca movendo-se muito perto do fone – e eu nada posso fazer para impedir. Você é meu único laço, cordão umbilical, ponte entre o aqui de dentro e o lá de fora. Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê. E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-se viva. Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber. Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância. Uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no quarto.”

(Caio F. Abreu)

Tempo

De certo as partidas são assustadoras, nada de doce, belo e leve têm, entretanto nem sempre conseguimos evitá-las. As mudanças são necessárias, a larva precisa vivenciar a experiência de entrar no casulo para sair borboleta, as relações nos ensinam, nos amadurecem, nos proporcionam sensações e momentos jamais vividos, é tudo muito singular e quando acabam nós mostram o quanto somos HUMANOS, o quanto sentimos falta e sofremos. “Quem parte leva saudade de alguém” já dizia o poeta, partir não é tarefa fácil, é decisão de coragem é busca de felicidade é ter a sensibilidade de perceber que algo já não vai bem, que não dá mais pra tapar o sol com a peneira e que o barco furou em alto mar. Ficar também não tem nada de agradável, é viver com a saudade, é chorar as nostalgias da alma, é querer e não poder. Não existe nenhuma fórmula perfeita que ensine como partir ou como ficar, acredito no tempo que as coisas precisam pra poder curar-se, ninguém cura ninguém, ninguém preenche ninguém, completamo-nos por nós mesmos, o tempo cura, o tempo cala, o tempo mostra.
(Manuella Moura)




Temer o fim em demasia é negar a importância das transições.
(Manuella Moura)



domingo, 11 de março de 2012

Nostálgico Domingo

Um nostálgico domingo, quase ninguém passava na rua, sentei-me na varanda, fazia um trabalho manual, artesanal, desses que dizem acalmar a pessoa. Meditei sobre coisas, sobre o tempo, sobre como nos deixamos sufocar e do quanto sufocamos, de como nos deixamos esquecer e do quanto esquecemos, da falta de medida e exatidão que essa vida é tecida. O mensageiro dos ventos anunciava a brisa gritante e solitária de um fim de tarde domingueiro, o silêncio conseguia ser mais alto que a voz melancólica do meu cantor preferido cantando aquela música cheia de saudade e pensamentos soltos. O mensageiro tocava cada vez mais alto. A noite chegou sem estrelas desta vez.
(Manuella Moura)




Ô Zé, em pleno verão, aqui tá fazendo frio!
(Manuella Moura)



Vez em quanto 
até os bem resolvidos emocionalmente 
precisam de um olhar carinhoso.
(Manuella Moura)



sábado, 10 de março de 2012

As vezes até o silêncio grita, sabia?
(Manuella Moura)



Ausências



Acordo no meio da noite, tenho cá minhas dúvidas sobre certas coisas. Sinto-me fraca, desprotegida, insaciada. Sou tão bem resolvida em relação a ausências, carências, amigos e amores... ou pelo menos acho que sou. Difícil de acreditar né?  Devo concordar!

“Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta.
Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal, de algum lugar improvável.
Bali, Madagascar, Sumatra.
Escreverá: penso em você.
Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse.
Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo.
Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar.”


(Caio F. Abreu)