segunda-feira, 2 de abril de 2012

A dor que eu não sei chorar



Quando chega o fim da tarde doi mais, os fins são todos iguais, tanto os da tarde quanto os de qualquer outra coisa. A luz, a cor, o tom se vai, o sol se esforça, reluta, não quer ir, mas precisa completar o ciclo a que foi predestinado. A medida que as horas vão passando a dor aumenta gradativamente, a lua chega esplendorosa, nós dando o grande exemplo da solidão conformada, apesar de rodeada de infinitas estrelas permanece só, intacta, sem chorar as amarguras que uma noite pode trazer. Caminho triste alguns minutos até chegar ao portão de casa, tenho a sensação de demorar horas até chegar ao quarto. Deito na cama. Abafo o grito com o travesseiro, derramo uma ou duas lágrimas, não consigo chorar toda a dor que sinto. O choro preso sufoca-me. Adormeço.


"Não passou
De um triste desencanto, amor,
E desde então eu canto a dor
Que eu não soube chorar"
(Chico Buarque)

Um comentário:

  1. Nunca tinha parado pra fazer essa leitura da Lua: rodeada de estrelas, refletora do astro-mor, mas solitária, conformada... Achei linda demais a metáfora, ainda que exista um tom de tristeza embutido nela...

    =/

    Cuida-te!
    Bjo!

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